Presidente do Crea-MT prestigia palestras que destacam: “Os desafios de construir o futuro no nosso presente: prendendo fantasmas em robôs e “ a Longevidade e Previdência”
19 de setembro de 2019, às 11h25 - Tempo de leitura aproximado: 4 minutos
“ Sabemos que a tecnologia tomou conta do mundo em todos os âmbitos. Exemplo disso é a engenharia biomédica e o uso da inteligência artificial, e a interação entre o cérebro humano, e como construir com base na neurociência uma prótese robótica para as pessoas que tiveram os braços amputados, garantindo o controle das articulações”, explanou o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso(Crea-MT), João Pedro Valente, ao assistir a primeira palestra magna do terceiro dia da 76° Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia(Soea), 18 de setembro, em Palmas(TO).
Com o tema: “Os desafios de construir o futuro no nosso presente: prendendo fantasmas em robôs”, o palestrante Luiz Fernando, aluno de Engenharia Mecatrônica do Instituto Insper foi aplaudido diversas vezes durante sua apresentação que tratou de neurociência que integra várias engenharias: eletrônica, da computação, mecatrônica, mecânica, entre outras.
O presidente do Regional Mato-grossense disse que o estudante de engenharia que conduziu a palestra desenvolveu um computador que por meio de eletrodos estabelece a interface cérebro-computador para comunicação com pessoas inicialmente classificadas em estado vegetativo ou coma. Como mágica, a máquina capta pensamentos e os transforma em ações ou palavras, detectando modulações voluntárias em registros em tempo real de atividade cerebral, a fim de promover um canal de comunicação entre a equipe médica/família e o paciente. Como exemplo, Luiz Fenando lançou mão do exemplo de um braço robótico inteiramente controlado pela intenção do pensamento de uma pessoa. Outro exemplo foi o de uma mulher brasileira declarada morta, que em depoimento gravado e projetado durante a palestra, contou da angústia de estar ouvindo tudo o que falavam sobre seu estado, sem conseguir falar ou mesmo se movimentar para dar sinais que ainda estava viva.
“A atividade cerebral captada por um computador não é mais ficção científica e está mais próxima da realidade. Eu diria que a maior motivação é saber que seu trabalho vai fazer a diferença na vida das pessoas. Na minha ótica, uma motivação gigantesca para alguém é levantar da cama e saber que o fruto do seu trabalho vai fazer com que uma pessoa sofra menos, salve uma vida ou melhore a vida de alguém. Para mim, não há nada mais nobre do que isso e não há outro maior motivo pelo qual se vale a pena ter uma atividade profissional ou, até mesmo, viver”, destacou Luiz.
Atualmente, Luiz Fernando trabalha em uma startup de tecnologia que tem como objetivo criação de um equipamento portátil que possibilita a comunicação com pessoas que foram consideradas em estado vegetativo e coma ao lado do leito do paciente.
Segundo ele, o equipamento está pronto e aguardando autorizações de comitês de ética para que haja um teste em ambientes como UTIs. Ao responder sobre quanto o equipamento chegaria aos hospitais públicos, Fernando creditou ao tempo: “A primeira barreira que temos é a da regulamentação que depende do Inmetro e Anvisa que regulamentam esse tipo de dispositivo. Como todo e qualquer dispositivo tecnológico como um telefone celular, por exemplo, terá um custo proibitivo no início só que com o avanço da tecnologia dos componentes utilizados para a sua montagem, o preço será reduzido”.
O presidente do Regional Mato-grossense, disse que a outra palestra magna conduzida pelo empresário autodidata Nilton Molina, presidente do Conselho Administrativo do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon tratou da Longevidade e previdência: na Sociedade 6.0, “velho é a mãe”. Na oportunidade Molina garantiu principalmente ao público constituído por profissionais “ou carecas, ou de cabelos branquinhos”, que o tsunami da longevidade está chegando ao Brasil e também assola o resto do mundo. A diferença brutal entre os países, no entanto, refere-se à sensibilidade com que o assunto é tratado lá fora e aqui.
“Estamos vivendo numa Sociedade 5.0, em que as máquinas e a tecnologia nos ajudam a enfrentar certas situações”, disse o palestrante, do alto dos seus 84 anos, em plena atividade como membro do Conselho Superior da Academia Nacional de Seguros e Previdência. “Na Sociedade 6.0 – emendou Molina, as máquinas não vão apenas nos ajudar. Elas vão fazer por nós. As máquinas estarão no comando”.
Para discorrer sobre os desafios comportamentais, econômicos e sociais da longevidade, Molina contou um caso que ilustra as mudanças no conceito de velhice no Brasil. Depois de uma reunião com um grupo de empresários na faixa média de 81 anos, o palestrante notou que todos voltaram para seus escritórios – para trabalhar mais um pouco, é lógico. Segundo ele, são pessoas que não pensam em se aposentar, na acepção pejorativa da palavra. “E não poderá ser diferente com milhões de brasileiros, uma vez que estatísticas irreversíveis apontam para a impossibilidade do Estado para a conta da aposentadoria num país que envelhece rapidamente”, afirmou ele
Cristina Cavaleiro/Equipe de Comunicação do Crea-MT com assessoria da Soea/ Fotos: Damasceno e Marck Castro Fotografia/Confea