Ricos gastam dez vezes mais que a maioria pobre

30 de agosto de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 2 minutos

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Os gastos dos ricos no Brasil representam 10 vezes os dos mais pobres. A conclusão é da pesquisa Perfil das Despesas no Brasil, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados mostram que os 10% das famílias mais abastadas têm despesas médias por mês de R$ 1,8 mil por pessoa e os 40% mais pobres de apenas R$ 180. Com base nestes números, um cálculo mostra que as 17,8 milhões de pessoas destas famílias mais ricas gastam R$ 388,5 bilhões ao ano, bem acima dos R$ 145,3 bilhões usados para consumo pelos 67,5 milhões dos mais pobres.

A faixa considerada mais rica pelo IBGE é a das que têm renda do conjunto de seus integrantes igual ou maior que R$ 3,875 mil, enquanto os 40% mais pobres têm renda média mensal de até R$ 758, 25. “Os dados refletem a desigualdade brasileira”, diz o analista do IBGE, José Mauro de Freitas Junior. O Perfil das Despesas foi feito com base na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2002/2003. Nos últimos anos, entretanto, pesquisas mais recentes já constaram que a desigualdade de renda recuou e isso deverá, também, jogar para baixo a desigualdade de despesas. Embora não sejam iguais, as desigualdades de renda e de gastos andam praticamente juntas.

REGIONAL – Em algumas regiões do País, a desigualdade nas despesas é ainda maior, conforme a pesquisa. No Nordeste, por exemplo, os mais ricos têm gastos per capita 11,8 vezes maior do que os mais pobres. Aqui, o destaque é Alagoas, onde os gastos são 15,6 vezes maiores. Por estados, a menor distância entre gastos fica no Amapá (5,3 vezes), Roraima (6,1) e em Santa Catarina (6,8). São Paulo fica na quarta colocação (7), junto com o Pará.

Embora tenha 22% da população total estimada para o País, São Paulo concentra 37% das pessoas que compõem o grupo dos 10% de famílias mais ricas do País. Por ser um dos estados menos desiguais, o gasto per capita dos paulistas mais ricos é o 12º no ranking nacional, na casa dos R$ 1,708 mil. Já a maior renda per capita dentre os ricos fica no Rio (R$ 2,338 mil) – onde os ricos gastam o equivalente a 9,8 vezes as despesas dos mais pobres – e a menor, no Maranhão (R$ 116,18).

Segundo a pesquisa, “quanto menor a despesa per capita, menor o nível de bem estar e, por conseguinte, maior o nível de pobreza da população sob estudo”.

CONTEXTO – O economista da MB Associados Sergio Valle alerta, contudo, que o ano de 2002 foi marcado por forte turbulência financeira e inflação alta. Desde então, a renda vem se recuperando, o salário mínimo subiu acima da inflação e houve ganhos da renda do trabalho, além de ações como o Bolsa Família.

Fonte:Agência Estado