Sem presença da Petrobras, Arruda inaugura posto de gás veicular

8 de novembro de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos

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O Distrito Federal ganhou nesta quinta-feira o primeiro posto de Gás Natural Veicular (GNV). Entretanto, o governo local, que há alguns meses firmou contrato com a Petrobrás para trazer o combustível para Brasília, teve que enfrentar uma saia justa. A empresa, que havia confirmado presença, não compareceu à inauguração do novo sistema, no Posto BR do Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). Além disso, de acordo com o próprio governador José Roberto Arruda, a empresa pediu que não houvesse a cerimônia. O motivo seria a ameaça de crise no abastecimento de gás no Brasil, que tornaria o momento pouco propício para o anúncio da chegada do GNV ao DF.

“Meu acordo é com o presidente Lula. Ele garantiu o fornecimento de gás até 2012. Trabalhamos muito para chegar até aqui. A Petrobrás tem um contrato de cinco anos conosco e terá que cumprir”, afirmou o governador. Apesar de nesta quarta-feira o ministro interino das Minas e Energia, Nelson Hubner, ter recomendado a não-conversão ao sistema GNV por enquanto, Arruda anunciou uma linha de crédito no Banco de Brasília (BRB) para taxistas que quiserem adaptar seus veículos, ou comprar um carro a gás. “Se há discrepância de discursos entre o ministro e o presidente, fico com o presidente”, completou.

Segundo o contrato assinado entre GDF e Petrobrás, mais um posto do DF – localizado na Candangolândia – deverá ser equipado com GNV. A previsão de inauguração do sistema é fevereiro de 2008. O posto do SIA tem capacidade para armazenar 20 mil m³ de gás atualmente. A intenção é que, até o ano que vem, a capacidade suba para 35 mil m³. Já o da Candangolândia deve começar armazenando 25 mil m³ e atingir, posteriormente, a marca de 40 mil m³.

Apreensão
Atualmente, o Distrito Federal tem cerca de 3,4 mil motoristas de táxi. A presidente do Sindicato dos Taxistas do DF, Maria do Bonfim, estima que de 150 a 200 motoristas já tenham carros a gás. Segundo ela, eles decidiram experimentar o sistema devido aos custos menores. No Posto BR do SIA, por exemplo, primeiro do DF a oferecer GNV, o metro cúbico de gás está sendo vendido a R$ 1,79. “Eles abastecem em Goiânia e Belo Horizonte, que já têm postos a gás. Para quem faz percursos longos, compensa”, afirmou.

O taxista Joselito de Araújo, 40 anos, que trabalha no Lago Sul e percorre até 200 km/dia, por exemplo, comprou um carro movido a gás natural. Ele afirma que está economizando até 60% de combustível por corrida. Ele, no entanto, assim como o sindicato dos taxistas, está preocupado com a possibilidade de crise. A presidente do sindicato, Maria do Bonfim, diz que a categoria está em dúvida se o uso do gás será um bom negócio. “Ficamos apreensivos, claro. Parece que o momento não está oportuno à conversão”, disse.

Segundo o presidente da Financeira BRB, Marcos Bonel, por enquanto só está prevista a concessão de crédito para os taxistas. Carros de passeio estão de fora. Segundo o GDF, alguns veículos comuns já usam o GNV, embora não haja estimativa de quantos. A conversão do carro comum ao gás natural custa de R$ 3 mil a R$ 3,5 mil. Já um carro saído de fábrica com o sistema sai por cerca de R$ 3 mil a mais do que o valor normal do veículo. O BRB está oferecendo crédito com 24 parcelas e juros de 0,99% ao mês para conversão. Para a aquisição do veículo, o financiamento é em 48 parcelas, com a mesma taxa de juros.

Procurada pela reportagem, a Petrobras ainda não se manifestou sobre o assunto.

Fonte:Correio Web