Seminário sobre aquecimento global acontece no Nordeste
5 de março de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos
O Ministério do Meio Ambiente (MMA) apresentou os resultados de oito projetos preliminares de pesquisa sobre Mudanças Climáticas e seus Efeitos sobre a Biodiversidade Brasileira. Desenvolvidas de 2004 a 2006, as pesquisas foram selecionadas pelo MMA por meio de cartas-consulta. Analisaram o perfil evolutivo do clima no País e desenharam possíveis cenários do clima nos próximos 100 anos (de 2010 a 2100).
Conforme o Ministério fez questão de realçar, a série de estudos foi encomendada muito antes da divulgação do relatório do International Panel on Climate Change (IPCC), em fevereiro, na cidade de Paris, o que denotaria uma estratégia governamental de se antecipar aos problemas.
“O governo poderá dar continuidade à estruturação de políticas públicas adequadas (além das que estão em curso, como a utilização de combustíveis renováveis) para enfrentar o problema do aquecimento global e seus múltiplos efeitos sobre a biodiversidade, a saúde, a agricultura e a economia”, diz o material de divulgação do MMA.
Entre os oito estudos apresentados, “Mudanças Climáticas e seus Efeitos sobre a Biodiversidade Brasileira”, executado pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC)/Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), sob coordenação do professor José Marengo, revelou que o semi-árido do Nordeste é a região brasileira onde a população é mais sensível à mudança de clima.
Simulações do balanço hídrico nas regiões do Brasil sugerem, no cenário de maiores emissões de gases de efeito estufa, tendência de extensão da deficiência hídrica (estiagem) por praticamente todo o ano no Nordeste, apontando para maior “aridização” da região semi-árida até final do Século XXI.
Num cenário pessimista, o estudo expõe que o Nordeste se transformaria de semiárido em árido até finais do século XXI. O balanço hídrico realizado com as médias dos valores dos modelos não chega a este extremo, mas sugere que a estação chuvosa seria mais fraca e os déficits de umidade no solo seriam maiores no futuro.
Acesso à água – As mudanças climáticas ameaçam intensificar as dificuldades de acesso à água. A combinação das alterações do clima, escassez de chuva associada a altas temperaturas e altas taxas de evaporação, pode levar a uma crise nos recursos hídricos. Os mais vulneráveis seriam os agricultores pobres de subsistência na área do semi-árido do Nordeste (polígono da seca), região semi-árida de 940 mil km2 que abrange nove estados do Nordeste e que já enfrenta problema crônico de falta de água.
Nesse contexto, torna-se ainda mais proveitosa a realização, no Nordeste, de um grande evento com foco nos desafios criados pelo aquecimento global. Trata-se do I Seminário Brasileiro Sobre Seqüestro de Carbono e Mudanças Climáticas, que acontecerá nos próximos dias 10 e 11 de abril, em Natal (RN), no Hotel Blue Tree Pirâmide, localizado à beira-mar, na famosa Via Costeira, a 3 km do centro da cidade e a 25 km do Aeroporto Internacional de Natal Augusto Severo.
“Além do Nordeste ser uma das regiões mais afetadas, a proposta de realizarmos estes debates lá foi para viabilizar um maior acesso do público local, já que, geralmente, os eventos de alto nível acontecem no Sudeste e no Sul”, diz Marco Aurélio Ziliotto, presidente do Instituto Ecoplan, ONG promotora do I Seminário Brasileiro Sobre Seqüestro de Carbono e Mudanças Climáticas, com apoio do portal AmbienteBrasil.
“Pesou também a perspectiva do desenvolvimento de projetos cujo potencial é muito grande na região, como os que envolvem biocombustíveis e aterros sanitários”, completa.
O seminário vai reunir um elenco de palestrantes de alto nível, a exemplo de Thelma Krug, do Instituto Interamericano para Pesquisas e Mudanças Globais / Instituto Nacional de Pesquisas Espacias – INPE (IAI / INPE); Marcelo Theoto Rocha, da USP; Roberto Schaeffer, da UFRJ, e Paulo Cunha, do Centro de Pesquisas – Cenpes – da Petrobrás.
Além das conferências, seis mini-cursos serão ministrados no evento, com os seguintes temas – Redução das emissões de gases de efeito estufa por seqüestro geológico de CO2; Mercado de Carbono; Educação para Mudanças Climáticas; Quantificação de Carbono na biomassa; Captura de CO2 e Produção de Microalgas para Biocombustíveis.
Fonte: AmbienteBrasil.