Tecnologias substituem brometo de metila na agricultura

16 de janeiro de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 4 minutos

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Os produtores de flores e plantas ornamentais de Atibaia, Ibiúna, Holambra e Região da Via Dutra, no Estado de São Paulo, e Gravatá, em Pernambuco, vão substituir o brometo de metila – BM, gás que age como inseticida e fumigante, por tecnologia desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

O BM é altamente contaminante, sendo que cada átomo de bromo do brometo de metila que alcança a estratosfera destrói 60 vezes mais ozônio do que os átomos de cloro dos CFCs (clorofluorcarbono). A iniciativa é da Organização para o Desenvolvimento Industrial das Nações Unidas (UNIDO).

Em lugar de usar o BM, a alternativa encontrada para desinfestação do solo ou substrato são equipamentos que utilizam o vapor d’água e a energia solar. Para tratamento do solo em canteiros, cerca de 27 caldeiras à lenha e 27 injetores de vapor no solo serão entregues às cooperativas e associações de produtores das principais regiões com cultivo de flores e consumidoras de brometo.

Além dos equipamentos, os produtores receberão também na semana de 14 a 19 de janeiro capacitação sobre segurança na operação destas caldeiras, por meio de um técnico em manutenção e treinamento de manejo integrado com o acompanhamento de um agrônomo, com a finalidade de garantir o sucesso na substituição do método de tratamento de solo.

A entrega dos equipamentos está marcada para o dia 19 de janeiro de 2007, em Atibaia, SP. Posteriormente, cerca de 1.000 coletores solares, técnica desenvolvida pela pesquisadora Raquel Ghini da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), serão doados aos produtores de flores ainda este ano. O evento será na sede da Proflor, à Rua Eurico Souza Pereira, 142 – Bairro Alvinópolis em Atibaia, SP.

TECNOLOGIAS

“Altas temperaturas (cerca de 70 a 80 graus centígrados) são conseguidas com injeção de vapor no solo ou utilização de energia solar. Além de mais eficazes e baratos, estes sistemas não trazem riscos à saúde humana e ao meio ambiente, como o BM”, diz o diretor do Projeto no Brasil, César Mauricio Torres Martinez.

De acordo com ele, os equipamentos de injeção de vapor são capazes de tratar 100 m² de solo a cada 1 hora. Após dois dias, o solo está pronto para novo plantio. “Outro fator importante é a redução nos custos do tratamento: 100m² de solo tratados com este sistema custam 50% menos que o custo do tratamento com BM”, compara. “No tratamento de substratos serão usados coletores solares, que utilizam energia solar para desinfestar misturas de solo em viveiros de plantas, a fim de se produzirem mudas saudáveis e livres de microrganismos prejudiciais ao seu desenvolvimento”, afirma Raquel.

HISTÓRICO

O BM, utilizado principalmente em culturas de fumo e plantas ornamentais, não pode mais ser usado na desinfestação de solo ou substrato porque a Instrução Normativa do Mapa de 10 de dezembro de 2002 proibiu o seu uso em sementeiras de hortaliças e flores a partir do dia 31 de dezembro de 2006.

A fim de minimizar os danos causados à camada de ozônio, foi assinado em 1990 o Protocolo de Montreal, um tratado internacional para eliminação de substâncias nocivas, como o BM. Na assinatura mais de 180 países se comprometeram a diminuir o uso destes produtos. O Brasil foi um dos países que aderiram ao tratado, assumindo o compromisso de reduzir em 20% o consumo (médio entre 1997 a 1998) até o ano de 2005 e erradicar o uso até 2015.

O cronograma do Programa Nacional de Eliminação do Brometo de Metila – PNB estabeleceu as datas de 31/12/2004 para eliminação na cultura do fumo; 31/12/2006, para flores, hortaliças e formigas; e 31/12/2015, para tratamentos fitossanitários e quarentenários (Instrução Normativa Conjunta 01 – 2002/2003 do Mapa, Anvisa e Ibama).

Em 2004, a UNIDO realizou um estudo sobre o consumo remanescente de brometo de metila no Brasil, por meio de consultoria realizada pela Embrapa. A partir desse estudo, foi verificado que, após a eliminação na cultura do fumo, o cultivo de flores destacava-se como principal usuário do agroquímico. Com recursos de 2 milhões de dólares do Fundo Multilateral do Protocolo de Montreal e o objetivo de eliminar mais de 165 toneladas de BM utilizadas em flores e mais de 60 utilizadas em outros cultivos, como o morango, iniciou-se o projeto no Brasil.

BROMETO DE METILA

O BM é um gás que age como inseticida e fumigante, muito utilizado na desinfestação de solo e substrato, controle de formigas e fumigação de produtos de origem vegetal. Serve para evitar que pragas e doenças sejam disseminadas para outras cidades ou países, quando os produtos são exportados/importados, ou para “limpar” o solo para desenvolver o plantio. O produto mata os insetos, os patógenos (nematóides, fungos e bactérias), ervas daninhas e qualquer outro ser vivo presente no solo e na zona de penetração do gás, seja ele benéfico ou maléfico à agricultura.

Eliana Lima
Jornalista, MTb 22.047
Embrapa Meio Ambiente
(19) 3867.8913
elima@cnpma.embrapa.br

Vitor Moreno (MTb 38057/SP)
Assessoria de Comunicação Social – Embrapa
Telefone: (61) 3448-4039
E-mail: vitor.moreno@embrapa.br