Ultimato repercute em MT

9 de maio de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos

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O ultimato da União Européia (UE) para que o Brasil cumpra os padrões de qualidade exigidos pelos europeus para a importação de carne bovina in natura causou “surpresa e preocupação” ontem à cadeia pecuária de Mato Grosso. A UE, principal parceira comercial do Brasil – comprou US$ 1 bilhão em 2006 – ameaça fechar o mercado para a carne brasileira caso o país não atenda a algumas exigências, como o controle da febre aftosa, que ressurgiu em setembro de 2005, e a rastreabilidade do rebanho.

“Seria um caos para toda a cadeia produtiva se isso [fechamento do mercado europeu] acontecesse”, advertiu ontem o presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo), Luiz Antônio Freitas Martins.

Atualmente, sete grandes frigoríficos do Estado exportam carne in natura para a Europa. “O Brasil tem que fazer de tudo para evitar que os europeus coloquem barreiras aos nossos produtos. Temos feito a nossa parte no que diz respeito ao controle do rebanho e obtivemos grande avanço nos últimos anos. Não podemos retroceder”, acentuou Martins.

Neste primeiro trimestre, as carnes bovinas registram incremento de 76,27% no volume negociado em relação ao mesmo período do ano passado e somou U$S 146,35 milhões. Já a UE com participação de 48,34% sobre a pauta estadual contabiliza negócios de US$ 448,45 milhões no trimestre.

Os produtores também vêem com apreensão a ameaça da União Européia. Para o presidente da Associação dos Criadores do Estado (Acrimat), Jorge Pires de Miranda, o fechamento do mercado poderia trazer grandes prejuízos para a cadeia produtiva agropecuária e à economia regional.

“A nossa preocupação e a do governo têm sido em implementar um forte programa sanitário no rebanho. Mato Grosso tem procurado fazer sua parte, embora não tivesse alcançado ainda 100% no índice de vacinação. Como o nosso rebanho é grande – mais de 28 milhões de cabeças – o percentual não-vacinado durante as campanhas chega a ser um número bastante significativo. E isso acaba preocupando os europeus”.

Pires afirmou que ao pecuarista cabe se conscientizar sobre a importância de vacinar o gado e, aos órgãos de defesa, realizar o controle de entrada e saída de animais nas fronteiras e nas divisas com os estados.

O presidente da Acrimat defende a rastreabilidade do rebanho e da propriedade, mas aponta que o produtor não tem sido beneficiado por este trabalho. “O produtor gasta com a rastreabilidade, mas não está tirando proveito deste investimento. Isso tem sido um desalento para o setor, que está trabalhando com rentabilidade negativa”, frisou.

Segundo o diretor-executivo da Associação dos Proprietários Rurais do Estado (APR), Paulo Resende, o custo para a implantação da rastreabilidade é alto para o produtor. “Além disso, a burocracia é muito grande, o que acaba desestimulando o setor. Na nossa avaliação, o custo da implantação deste sistema deveria ser diluído para toda a cadeia produtiva”, disse ele. A APR informou que nem 5% do rebanho mato-grossense está rastreado.

COMPETITIVIDADE – Considerando os custos totais médios da rastreabilidade por cabeça no Brasil – cerca de R$ 3, segundo avaliação de entidades produtoras – pode-se ter uma idéia real do diferencial competitivo da carne brasileira.

“É importante destacar que a segurança adicionada pela rastreabilidade na pecuária de corte brasileira no mercado internacional é um fator determinante do crescimento em termos quantitativos e qualitativos do produto, que agrega diferenciais substantivos, criando um composto de alta competitividade para o complexo da carne bovina”, destaca o presidente do Sindifrigo, Luiz Antônio Martins.

“Podemos considerar a rastreabilidade como um dos programas mais importantes da pecuária de corte no momento”.

Fonte:Diário de Cuiabá