Universitários fluminenses desenvolvem produtos alternativos à madeira de lei
23 de fevereiro de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 2 minutos
Alunos da UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro estão usando matérias-primas agrícolas, como a banana e a pupunha, para fabricar produtos alternativos aos feitos com madeira de lei. O ponto de partida para o projeto foi a conquista do IF Design Awards, da Alemanha, pela Esdi – Escola Superior de Desenho Industrial da UERJ, em 2005. Considerado o “Oscar” do design, o prêmio foi concedido pela primeira vez a uma instituição de ensino latino-americana, por uma pesquisa com a pupunha.
A base para o projeto atual foi um trabalho com bambu, feito há cerca de dez anos por um ex-aluno da universidade, para testar novos materiais. A experiência serviu para que alunos da Esdi montassem a Fibra Design Sustentável, microempresa que atualmente está em processo de pré-incubação na Incubadora de Empresas de Design da Universidade.
Segundo o gerente da incubadora, Wagner Bretas, os novos produtos foram batizados de bananaplac e compensado de pupunha. O objetivo do projeto é substituir madeiras nobres na fabricação de móveis e material de revestimento, como laminados de fórmica, em painéis de automóveis, disse Bretas, em entrevista à Agência Brasil. Estuda-se também o uso da bananaplac ou de sua mistura com o compensado de pupunha na fabricação de peças curvas de madeira, como skates e snowboards (pranchas para deslizar sobre a neve, praticando manobras radicais).
Todo o tronco da bananeira, chamado de pseudo caule, é usado na produção da bananaplac. “Toda vez que se retira o cacho de uma bananeira, é preciso cortá-la, porque ela não dá mais frutos. Isso é desperdiçado, jogado a céu aberto, e gera fungos e bactérias que ficam nas plantações. Além disso, esse processo de decomposição é poluente”, afirmou Bretas.
Os estudantes aproveitam, então, o que seria lixo e dali extraem a fibra do tronco com a qual é feita a bananaplac. “Nesse material, eles usam também uma resina vegetal, normalmente à base de mamona, para fixar as camadas da bananaplac ou do compensado de pupunha”, explicou Bretas. De acordo com ele, o processo é todo natural. A proposta da empresa é trabalhar com design sustentável, pegando o que seria resíduo de uma indústria, colocando em um novo ciclo produtivo e gerando uma nova família de produtos.
No caso da pupunha, ele explicou que o tronco da palmeira é cortado ao meio, onde fica o palmito. A casca grossa que envolve o palmito é usada para fabricar o compensado de pupunha, material que normalmente é desperdiçado, pois extrai-se apenas o miolo. “Todo o resto é desperdiçado”, afirmou.
Fonte: Agência Brasil